Não foi planejado, mas ter ao alcance das mãos pincéis, tintas, pequenas telas, muitos papéis, revistas, tesoura e cola num momento tão incerto e difícil, me permitiu mergulhar em mim e no que me era caro. Foi quando a colagem se tornou uma ferramenta tão essencial de espelhamento de vida que naturalmente se tornou expressão de linguagem.

Prematuramente concebo o Studio Sobrenatureba, quando os processos experimentais de todos os tipos ganharam o tempo, o espaço e os cuidados propícios para existir, mas é tateando a vida e ganhando o mundo através da estrada que recebo a força necessária para existir com inteireza, integrando competências e saberes interdisciplinares. 

Quando caí na estrada alguns disseram: “bicho solto, desapegada, do mundo” (risos) e confesso ter um quê de verdade, mas nem só de anedotas se vive uma mulher. 

De certa forma, existe uma fusão em tudo aquilo que somos, queremos ser e o que nos atravessa. Natureba, pois muito vista através do arquétipo da hippie, hareboo, paz & amor, carinha de menina do interior mesmo nascida na capital soteropolitana. Sobrenatural, pois é neste espaço criado a próprio punho onde dou forma, cor e corpo às subjetividades humanas não só minhas, mas de quem compartilha um pouco da minha visão de mundo.

Eremita de alma, eu diria! Valoro e te convido a embarcar no sobre-mundo natureba do jeito que eu vejo: 

Repertório visual com pé na Bahia e no mundo ao mesmo tempo me reviram com frequência em reflexões políticas que me atravessam enquanto mulher negra, empreendedora, nômade, assim como as relações com o consumo sustentável e sexualidade se tornaram não só temáticas, mas combustível de trabalho.